Minha Jornada com o Nas Batalhas: Um Movimento de Transformação

Quando iniciei o "Nas Batalhas", minha motivação era simples, mas carregada de propósito: criar oportunidades para artistas que estavam começando, especialmente os jovens das periferias, que muitas vezes encontram portas fechadas antes mesmo de terem a chance de mostrar seu talento. Eu sabia que existia potência nesses corpos, nessas histórias, e que tudo o que faltava era um espaço onde pudessem ser vistos, ouvidos e valorizados.

Olhando para trás, vejo que essa missão tomou proporções que eu jamais poderia imaginar. O que começou como um projeto para abrir caminhos se tornou uma plataforma real de transformação. Em 2024, foram mais de 70 ações realizadas, e desde o início do projeto, já são quase 700 contratações, impactando diretamente artistas, produtores, DJs, MCs, grafiteiros e tantos outros profissionais da cultura Hip Hop. Mais do que números, são histórias, sonhos e trajetórias que se cruzaram com a minha e que ajudaram a construir o que o "Nas Batalhas" é hoje.

E o impacto vai muito além dos palcos e das arenas de batalha. A cada evento, reafirmamos a importância da cultura Hip Hop como um espaço de resistência, identidade e pertencimento. Fomos além das competições e criamos espaços de troca: aulas abertas, rodas de conversa, oficinas, vivências. Trouxemos referências que pavimentaram o caminho do Hip Hop, honramos a ancestralidade desse movimento e garantimos que a diversidade de gênero e raça fossem princípios inegociáveis na nossa construção.

Empoderamos mulheres. Empoderamos a nova geração. E, nesse processo, eu também me empoderei. O Hip Hop sempre foi uma ferramenta de transformação coletiva, mas, ao longo desses anos, também me transformei individualmente. Aprendi que ocupar espaços não é apenas sobre presença, mas sobre construção. Sobre garantir que, quando a gente se levanta, levanta junto com os nossos.

Olhando para o futuro, vejo que esse caminho está longe de terminar. O "Nas Batalhas" segue crescendo, se reinventando e ampliando horizontes. O Hip Hop me ensinou que a resistência se constrói no movimento, e é com esse ritmo que sigo dançando, batalhando e criando. Porque essa cultura é minha, é nossa, e tem muito mais história para ser escrita.

Por Jade Lyrio

Fotos: @VANDOSHOW